.: estudo de sentimento nº 01
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um blog, aqui. uma peça, atualmente em cartaz. um filme, em algum lugar do futuro. músicas e sentimentos, em toda parte.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

estudo de sentimento nº 01

por T. Ledier


Existem pessoas que, quando chegam, causam como uma explosão cósmica dentro da gente. É um encontro que faz nascer, no mais profundo, uma nova galáxia onde antes não havia a não ser a escuridão de desconhecer aquela sensação. E então, ali, brota uma ânsia, um desespero de contar essa nova descoberta para o outro. Um desespero para que o outro sinta essa explosão e divida com a gente o espanto desse surgimento inesperado. Mas parece que contar não é o bastante: o outro pode entender esse acontecimento, mas entender é pouco diante de tanto espanto: é preciso que ele também o sinta. Mas o outro é incapaz de sentir o que se passa no nosso de dentro. E sempre parece que o outro tem, no máximo, um telescópio que o permite observar essa galáxia espantosa, mas não possui uma grande, bela e potente nave-espacial que lhe permita viajar por ela toda, vivendo-a e descobrindo-a em todos os seus planetas, estrelas, satélites, poeira e buracos-negros.

E passamos a viver, então, como se engolidos por uma massa escura que devora, pouco a pouco, essa nova galáxia, e apaga as estrelas que brilhariam e encantariam e até alimentariam a própria esperança de que alguma delas se cansasse de brilhar e, fazendo-se caída, nos permitisse fazer um pedido que realizasse a presença concreta desse explorador-amante-de-novas-galáxias. Mas parece que a física, a química, a filosofia e os corações continuam mesmo sem saber como explorar outras galáxias. Ou, como um Pessoa disse: 'Que há de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucede, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso, não é novidade, e no outro não é de compreender.




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